Loiro, vermelho, castanho, preto ou colorido. Não importa a cor escolhida, pintar o cabelo sempre traz uma sensação de renovação e bem-estar, seja pela mudança no visual ou pela melhora na auto estima. Mas apesar de parecer um ato simples, chegar no tom ideal é uma ação que envolve estudo, matemática e um trabalho de combinações de tinturas que ajudam a tomar decisões sobre a escolha da aplicação, além de prever ou corrigir resultados que não saíram como o planejado. Para acertar na hora da coloração muitos profissionais fazem uso da colorimetria,uma ciência conhecida por determinar cores a partir de avaliações de matiz, intensidade e saturação.
Colorimetria capilar: a ciência para chegar a cor ideal
Se você já pintou o cabelo deve ter percebido que na embalagem da tintura há uma tabela que mostra qual o tom aproximado que seus fios terão ao usar aquela coloração. Mesmo sendo uma prévia de como a tinta agirá ao entrar em contato com seu cabelo, a tabela nem sempre permite prever o resultado final. Para não errar é necessário entender como se comportam as cores, suas divisões e até mesmo a estrutura dos fios capilares.
Para modificar a cor do cabelo é preciso primeiro fazer um círculo cromático, ou seja, um círculo com 12 cores, sendo três primárias (azul, amarelo e vermelho), três secundárias (verde, violeta e laranja) e seis terciárias, criadas pelas misturas das primárias com as secundárias. Nele, você poderá observar e perceber que cores em posições opostas se anulam, o que facilita na hora de neutralizar reflexos na coloração. Mas o que isso quer dizer? Significa que para anular uma cor você precisa usar as restantes, pegando como ponto de partida as cores primárias.
Para facilitar você pode usar o exemplo da Estrela de Oswald . Observe a imagem e a posição das cores, assim aplique a tonalidade como exemplo para o seu cabelo. Caso você tenha pintado de loiro e seu cabelo tenha ficado amarelado você vai precisar usar as outras duas cores (vermelho e azul) para tirar o efeito de gema de ovo. A combinação dessas duas cores primárias gera o violeta, que é a cor oposta ao amarelo na tabela de cores e por isso ela deve ser utilizada para neutralizar a coloração.
Foto: Freepik.
Já a tabela usada nas caixinhas tonalizantes funciona da seguinte forma: os números que vem antes do ponto indicam a altura da cor, termo usado para classificar as tonalidades do cabelo. Essa escala varia de 1 a 10 (algumas marcas têm até 12), do tom mais escuro até o mais claro, sendo 1, preto profundo e 10, loiro claríssimo. Depois do ponto são colocadas as nuances, ou os reflexos, que a cor da tinta terá. A escala dessas nuances vai de 0 a 7, sendo 0 - Natural; 1 - Acinzentado; 2 - Violeta/ Azulado; 3 - Dourado; 4 - Acobreado; 5 - Acaju; 6 - Vermelho e 7 - Marrom. Por exemplo, uma tintura marcada como 10.3, significa que a tinta é loiro claríssimo com reflexos dourados.
Avaliação do cabelo
Ao começar o atendimento o cabeleireiro deverá identificar as características presentes nos seus fios, a fim de encontrar a melhor forma de chegar até o tom desejado. Essa etapa é importante para verificar a saúde do cabelo. Uma pessoa que esteja com o fios muito sensíveis ou danificados não poderá, por exemplo, passar por um processo de descoloração, porque isso pode fazer o cabelo se partir. “É preciso ter o máximo de cuidado quando o cabelo passou por algum processo químico, principalmente descoloração e progressiva. Nesse caso é imprescindível fazer teste de mechas para ver a resistência do fio”, afirma a cabeleireira e esteticista Kayth Herculano.
Para chegar ao tom ela defende a análise feita por um profissional. “Tem que ver qual é o fundo de cor e se o tom atual tem alguma alteração. Isso para colocar uma tinta que dê um resultado uniforme, por isso a análise é necessária na hora de uma boa coloração”, explica. Depois de conferir quais processos podem ser aplicados ela diz que o profissional faz a soma de duas cores, a atual e a que será usada, para enfim neutralizar a cor base (cor que o cabelo possui antes da realização da tintura) e aplicar o tonalizante ou tinta com o tom desejado.
Matemática para acertar na cor
Se você chegou até aqui deve lembrar da tabela de cores mencionada no primeiro tópico da matéria. É por ela que o cabeleireiro vai se basear para conseguir a cor desejada. Como? Some duas cores de base para se obter outra, por exemplo, 5+9 = 14, então divida pela quantidade de tintas usadas (14/2 = 7), assim você chegará ao resultado da cor. Nesse caso, a numeração resultante corresponde ao loiro médio conhecido como 7.0. O tom de reflexo é escolhido com os intensificadores ou “cores fantasias” (cinza, dourado, cobre, etc.) de acordo com o tom desejado por quem vai receber a tintura.
Para evitar sustos de coloração e ter certeza que a mistura feita é a desejada, antes de pintar o cabelo todo, faça o teste de mecha. Esse cuidado também é importante para descartar qualquer possibilidade de reação alérgica aos produtos utilizados.
Bônus: teste de mecha
Para fazer o teste de mecha comece separando e isolando uma mecha de cabelo do lado da cabeça (parte mais sensível dos fios, que fica exposta diretamente à agressões externas). Após escolher a porção do cabelo que irá utilizar coloque luvas e inicie a aplicação do produto a um centímetro do couro cabeludo, espalhando-o uniformemente. Comece a contar o tempo a partir do final da aplicação e verifique a mecha a cada 5 minutos, conferindo a maleabilidade e o grau de relaxamento até a mudança na coloração do cabelo. Lembre de não ultrapassar o tempo de uma hora antes de enxaguar a tinta, porque nesse caso o fio será excessivamente pigmentado e isso pode prejudicar a textura e a cor do cabelo. Para saber precisamente quanto tempo deixar a coloração anote o tempo gasto na mecha e use-o como parâmetro para chegar ao resultado desejado.
Você sabia que a colorimetria é uma das disciplinas trabalhadas no curso de Estética e Cosméticos?
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