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Religião: uma história de fé e várias representações de gratidão

Na semana em que se lembra o Combate a Intolerância Religiosa, conheça como 4 religiões do Brasil praticam sua fé por meio de agradecimentos e devoções
Por: 17/01/2018 - 12:49 - Atualizado em: 19/01/2018 - 10:30
Fé
Escrito por Rebeca Ângelis
 
Entender a religião e seus elementos sagrados remete pensar sobre o que aproxima os homens e suas crenças ao sobrenatural. Religião é uma fé idealizada em um conjunto de credo, práticas e doutrinas, que faz com que as pessoas busquem satisfação e bem estar para superar dificuldades, bem como alcancem a felicidade.
 
Ser devoto consiste em dedicar-se a algo. Na religião, essa prática é definida como o encontro físico com o divino sem que haja o entendimento baseado na razão. Acreditar no sobrenatural exige apenas a fé dos seguidores.
 
Em diferentes esferas religiosas, a devoção é praticada por variadas formas. Dentre elas, a veneração. Oriunda do latim a palavra consiste em fazer honra com sinal de respeito prestado aos deuses da religião, como forma de reverência e agradecimento.
 
Dentro desse contexto concomitante às devoções, encontram-se também as mais distintas formas de gratidão pelos feitos, realizadas por grupos ou individualmente. Cada religião possui sua peculiaridade de gratidão, realizadas por seus fiéis. Na semana que se comemora o Dia de Combate a Intolerância religiosa, conheça como 4 religiões no Brasil costumam exercer a prática de gratidão e devoção dentro de seus princípios de fé.
 
Candomblé: resistência em meio ao sincretismo
Quando o candomblé chega ao Brasil, na época da escravidão, passa por diversas perseguições dos colonizadores. Suas divindades, cultos e ritos oriundos da África, tiveram que se adaptar a um emaranhado de confluências e fundamentos da religião católica para ser aceito.
 
Esse sincretismo religioso fez com que vários orixás recebessem um novo nome, bem como a linguagem oficial dos cantos em Iorubá fosse adaptada ao português. Apesar de toda perseguição e preconceito desde primórdios, membros da religião seguem , até os tempos atuais, firmes na luta de resistência para manter o legado implantado de seus ancestrais.
De acordo com a Ialorixá e professora universitária, Denise Botelho, o candomblé consiste em uma religião monoteísta, onde os fiéis acreditam em Deus, apesar de não possuírem um legado cristão.
 
As práticas de devoção do candomblé acontecem de diversas formas como rituais, danças e atividades do bem, sempre voltadas para a conservação da natureza e de seus guardiões, os orixás. “Não deixamos de reconhecer outras lideranças religiosas, como Jesus Cristo e Buda, por exemplo. Nosso culto é composto por Olódùmaré (Deus) que jamais se manifestará em transe, mas possui os orixás, que são deuses representantes da natureza, que o auxilia. Ele é quem nos permite a intermediação aos orixás”, explica Denise.
 
Os candomblecistas acreditam que a maneira de adorar e agradecer as conquistas e bons momentos deve acontecer com oferendas individuais e em grupo, bem como, com a sacralização animal. Como o próprio nome já diz, as oferendas consistem em oferecer aos orixás alimentos como forma de manter o elo entre os fiéis com Deus, além do pedido de proteção. O abate animal ou sacralização religiosa também se insere nas formas de agradecimento aos orixás pelos feitos.
 
O projeto de Lei n°4331, de 2012 ( PL 4331/12), chegou a propor a proibição do sacrifício animal em rituais, fator de dividiu opiniões e levantou debates sobre intolerância religiosa.
“Nossas oferendas, nosso abate religioso é classificado como sacrifício por muitos, mas nós não realizamos sacrifício porque temos o princípio na religião de estar em integração e em comunhão com a realidade. Então quando nós desenvolvemos o princípio da comensalidade, onde tudo que realizamos na comunidade e para a comunidade, nós vamos oferecer alimentos para nossas divindades. Esses alimentos são sacralizados e,  em seguida, servirão de alimento para os fiéis e muitas vezes para os entornos das casas de terreiro do candomblé, geralmente, regiões empobrecidas”, endossa a mãe de santo, Denise Botelho.
 
Espiritismo e a “fé raciocinada”
Considerada uma doutrina que agrega ciência, filosofia e religião para o entendimento do universo, o espiritismo acredita que todas as pessoas passam por um processo de evolução. A vida na Terra é uma espécie de universidade espiritual, em que cada pessoa aprende a superar as provações e segue um trajeto de reencarnação até alcançar o estágio evolutivo.
 
Segundo Frederico Menezes, publicitário e palestrante espírita, a doutrina se baseia na fé raciocinada, que consiste na prática de conhecimentos intelectuais e condutas benevolentes. “A ligação existe apenas por meio da mente e coração.”
 
No espiritismo, não existem exemplos de devoção e gratidão, consequentes a determinadas conquistas. “Fora da caridade não há salvação” explica a frase de um dos pioneiros pesquisadores a doutrina espírita, Allan Kardec, sobre a ideia de que todos possuem mediunidade (poder) espiritual e está na Terra para evoluir e auxiliar outros com esse mesmo propósito.
 
Catolicismo de sacramentos e comunhões
Ligado diretamente ao cristianismo, o catolicismo surge como uma das religiões mais antigas da história que acredita em Jesus como único salvador do mundo. A remição é implantada pela crença de que Jesus veio a Terra por meio de Deus. E esse mesmo Deus é constituído pela tríade: pai, filho e espírito santo.
 
Como os católicos acreditam existe céu a quem pratica o bem e inferno para o mal. E que Jesus morreu por todos e os pecados humanos podem ser redimidos através de hábitos religiosos, como seguir as doutrinas impostas pela igreja e praticar o bem. 
  
Essa fé se baseia nas escrituras da bíblia, tradição oral da igreja, com representações dos santos que significam o divino, através de imagens espalhadas nas igrejas.
De acordo com o padre Pedro Cabello, devoção e gratidão andam juntos na religião.
 
“Situações de gratidões no catolicismo acontecem de variadas formas como: rezar o terço, acender uma vela em homenagem ao santo, ajoelhar-se diante do trono de Deus, fazer uma novena, ou até mesmo assistir uma missa no seu dia de festa.
 
Ele ressalta ainda que quando as pessoas têm seus desejos alcançados, agradecem por meio de pagamento de promessas particulares, em um elo existente entre o humano e o sagrado. “As pessoas costumam fazer obras de bem, como doações em geral, visitar asilo e crianças carentes, contribui com dinheiro para pessoas necessitadas, e também expressam suas gratidões com alguma atitude interior”, pontua.
 
Protestantismo: céu x inferno
Considerada a segunda maior religião do cristianismo no mundo, o protestantismo surge em meio ao descontentamento das atitudes de centralização econômica e política do catolicismo. Com isso, nascem novas doutrinas e práticas.
 
Ao contrário dos católicos, os protestantes não acreditam que a salvação seja alcançada através dos sacramentos, mas que a Bíblia em si contempla tudo o que é necessário para que isso aconteça, se seguida e compreendida pelos seus fiéis. Na devoção, os protestantes também não veneram os santos católicos e nem acreditam na existência do purgatório, existindo apenas o céu e o inferno, com o juízo final em que Deus define as condutas da vida de cada fiel, na terra, e qual destino esse ganhará após a morte.
 
De acordo com o pastor Elcias Martins, no protestantismo há pelo menos três percepções que os protestantes ou evangélicos se enquadram. A primeira  é a denominação histórica, vinda de própria reforma protestante e mantendo seus princípios de origem. A pentecostal ou pentecostal histórica, definida por igrejas que vieram da tradicional, mas que abraçaram novas doutrinas como batismo do espírito santo e contemporaneidade dos dons do espírito santo. 
 
E a mais recente, neopentecostal, que é uma ramificação do pentecostalismo, mas se difere por serem mais centradas em personalidade, movimentos e novas ideologias que fogem um pouco das duas primeiras.
 
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