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A liberdade de imprensa e sua importância em uma democracia

Por: 08/06/2020 - 11:41
Os veículos de imprensa exercem papel importante perante a sociedade. Seja prestando serviço à população ou, no caso do jornalismo investigativo, denunciando irregularidades, o jornalismo funciona como uma forma de esclarecer e apurar os fatos que afetam diretamente a população. Para isso, a imprensa precisa ser livre de censuras, como ocorre nos dias atuais. Entretanto, na história do Brasil, nem sempre foi assim.
 
Na época do regime militar (1964 - 1985) e da ditadura do Estado Novo (1937 - 1945), membros da imprensa eram censurados e perseguidos. Para relembrar esses casos e lutar contra uma nova forma de censura, nesse domingo (7), foi celebrado o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa.
 
"O conceito de liberdade de imprensa é caracterizado, em sua essência, pela não influência/interferência do estado na publicação de notícias, para garantir aos indivíduos o direito à informação e principalmente a liberdade de exercício do jornalismo livre. Não havendo liberdade de imprensa haverá o que chamamos de censura", explica Luís Boaventura, jornalista e coordenador do curso de jornalismo da UNINABUCO - Centro Universitário Joaquim Nabuco.
 
Boaventura também destacou que a liberdade de imprensa é fundamental para manutenção do sistema político brasileiro, que é a democracia. "Não existe democracia, e uma sociedade livre, sem a presença de uma imprensa livre, que possa informar à população sobre o que acontece, denunciar os desmandos e irregularidades. As pessoas precisam de informações para que possaM formar sua própria opinião, a partir de uma diversidade de olhares e opiniões diante de um mesmo fato", pontua o jornalista.
 
O crescente ataque contra a imprensa
 
Os atos de violência contra a imprensa vêm crescendo a cada ano. Segundo dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), no relatório "Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil", foram registrados 208 ataques a veículos de comunicação e a jornalistas em 2019, o que significa um aumento de 54,07% em relação ao ano anterior. Dados do relatório mostram que, em 2019, houve dois assassinatos, 28 casos de ameaças ou intimidações, 20 agressões verbais, 15 agressões físicas, dez casos de censura e outros de impedimentos ao exercício profissional.
 
Segundo a Fenaj, os políticos foram os principais autores de ataques a veículos de comunicação e jornalistas. O relatório registra 144 ocorrências (69,23% do total), a maioria delas com tentativas de descredibilização da imprensa (114). Segundo o levantamento, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi o autor de 121 ataques em 2019, o equivalente a 58,17% do total de casos registrados no ano (208).
 
Crescente hostilidade preocupa
 
Os crescentes ataques preocupam os profissionais da imprensa, que veem a hostilidade nas ruas cada vez maior. De acordo com Victor Gouveia, repórter do portal de notícias LeiaJá, de Pernambuco, o discurso político é o principal motivador de tal ascensão.
 
"É nítido que as declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, e dos atuantes do Governo Federal reverberam pela sociedade e faz que eles tenham um entendimento errôneo sobre nossos métodos de trabalho. Tanto sobre os nossos métodos de trabalho, quanto de como funciona em si o processo de captar informação e passá-las com imparcialidade", destaca o profissional.
 
E isso, segundo ele, pode ser observado nas ruas. Em sua última pauta, para abordar o funcionamento ilegal de um mercado público na Região Metropolitana do Recife (RMR), apesar do decreto de lockdown, ele foi atacado. "Na minha última pauta, eu e o fotógrafo pudemos perceber que o pessoal estava mais enérgico. Ouvimos alguns xingamentos, pessoas olhando de cara feia, apontando o dedo. No entanto, isso não coibiu nosso trabalho", relata.
 
Apesar dos crescentes ataques, Victor não se exime daquilo que chama de "responsabilidade como jornalista" e afirma que o profissional da imprensa não pode deixar de fazer seu trabalho. "O debate é pertinente, mas acredito que o jornalista não deve ter receio de estar nas ruas. O jornalismo é exatamente isso, é você provocar, confrontar opiniões e atitudes. É fazer que dois lados opostos se encontrem em uma matéria e que, nela, possa haver uma conversação, uma troca de informações, para a população entender o que de fato acontece", conclui o profissional.

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