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Historiador além da sala de aula

O profissional pode atuar em diversos campos, inclusive em entidades de apoio à cultura, como museu
Por: Taísa Silveira 18/12/2017 - 12:13 - Atualizado em: 28/12/2017 - 16:19
O profissional pode atuar em diversos campos, inclusive em entidades de apoio à cultura, como museu/Pixabay
O profissional pode atuar em diversos campos, inclusive em entidades de apoio à cultura, como museu/Pixabay

Por Rafaella Sabino
 

Engana-se quem pensa que lugar de historiador é somente em sala de aula. O profissional tem muitas outras opções de carreira para seguir. Pode atuar em editoras, produzindo e avaliando material didático; com gestão documental em arquivos públicos e privados; como consultores na realização de pesquisas para novelas, peças de teatro e documentários; com pesquisas de temas específicos para a construção de textos, livros e artigos em publicações do ramo; como técnicos em órgãos de preservação do patrimônio arquitetônico ou museológico; em agências de viagens, na criação de roteiros turísticos; e até em entidades de apoio à cultura, como museus.

Todo museu tem história

Trabalhar em um museu não é papel apenas de museólogos. Os historiadores também têm parte fundamental e, inclusive, podem atuar em diversas funções. “A presença desse profissional traz uma reflexão para o espaço, uma dinamização com o intuito de fazer com que as pessoas não vejam o museu como algo parado, cristalizado no passado”, afirma o professor de história da UNINABUCO, Henrique Nelson da Silva. 

Ele explica que o objetivo maior do historiador no museu é fazer com que o visitante absorva aquelas informações e analise-as a partir de suas próprias experiências. “O objeto não está exposto apenas por ser antigo, mas por significar algo que materializa uma relação do presente que vivemos com o passado. E o historiador está lá para possibilitar esse tipo de diálogo e fazer com que o visitante se sinta um sujeito histórico”, complementa.

O que o historiador faz em um museu?

O historiador Victor Chitunda trabalhou por quatro anos em museus de Pernambuco. Durante esse tempo, foi monitor no Espaço Ciência e arte educador/mediador cultural no Museu do Homem do Nordeste e Memorial da Justiça. “A monitoria é uma atividade mais simples, nós recebemos as pessoas e trabalhamos apenas com o que é proposto pela exposição. Explicamos de maneira mais ampla”, diz.

Já o trabalho de arte educador/mediador cultural é mais voltado para estimular o  pensamento crítico e o envolvimento da comunidade com a arte. “A partir das obras escolhidas pelos museólogos, criamos ações pedagógicas visando promover uma experiência diferente no museu. Pensamos a exposição para os determinados públicos e trabalhamos com dinâmicas e ludicidade”, afirma.

Victor conta que no caso do Memorial de Justiça, ele também trabalhou com a restauração de documentos. “Como se trata de um espaço com vários arquivos antigos, também trabalhávamos na higienização e catalogação dos documentos. Lembrando que, para isso, é necessário ter um curso de capacitação na área”.

Além dessas funções, o historiador ainda pode atuar na concepção da exposição, ou seja, escolhendo onde cada objeto ficará devido ao seu contexto histórico e importância; ser responsável pelo recebimento de doações, catalogando e estudando a fundo o seu contexto, valor, época, dentre outros aspectos;  na organização de eventos, como palestras e oficinas; como pesquisador no setor de documentação; e, no caso de um museu particular, tornar-se gestor.

Museu não é só passado

Já foi o tempo em que o ditado “quem vive de passado é museu” fazia pleno sentido. Apesar de a maioria dos centros ainda ser recheado com obras antigas, os espaços com temáticas contemporâneas, atemporais, “estranhas” e, inclusive, que questionem o futuro têm se destacado cada vez mais entre o público. Até mesmo os museus mais clássicos têm se renovado com o uso de elementos tecnológicos: QR Code, 3D, músicas, vídeos, jogos, holografia, experiências sensoriais, dentre outros. E isso é essencial para tornar os espaços ainda mais atraentes.

Um exemplo está sendo aplicado na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em parceria com a IBM, o espaço criou o projeto A Voz da Arte, no qual, por meio de um smartphone, os visitantes podem interagir com algumas obras. Isso é possível graças à computação cognitiva.

Já um espaço totalmente novo, criado todo pensando no futuro é o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. É um local voltado para a reflexão sobre as mudanças que o mundo vive e quais os possíveis caminhos e futuros que pode ter.

No Recife, o museu Cais do Sertão mistura o clássico com o moderno para contar os costumes e histórias do sertanejo, em especial do cantor Luiz Gonzaga, o rei do Baião. Além disso, traz, de forma interativa, os ritmos musicais presentes na região, a história do cangaço, exemplos de xilogravura, roupas, brinquedos, objetos religiosos e até uma casa de taipa. Todo o espaço é cortado por uma representação do Rio São Francisco.

Para o historiador Victor Chitunda, independente das obras expostas, os museus sempre foram e serão espaços para reflexões sobre o presente. “Essa ideia de museu ser sinônimo de passado é ultrapassada. Sempre podemos pinçar algo das exposições e torná-las completamente discutíveis com o que está acontecendo”, afirma.

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