Clicky

Selecione a cidade
4020-9734

Notícias › Educação


Em tempos de pandemia e fake news, o jornalismo é ainda mais essencial

O trabalho do jornalista mostra-se cada vez mais importante para manter a sociedade informada e livre das fakenews
Marcele Lima Por: 07/04/2020 - 12:11 - Atualizado em: 07/04/2020 - 12:13
.
Pixabay
Na era das fake news, o trabalho do jornalista mostra-se cada vez mais importante. As redes sociais, apesar de serem uma ferramenta importante para o ofício destes profissionais, também se tornaram o refúgio de muitos indivíduos que a utilizam para inventar mentiras, que podem ser utilizadas para o malefício social, sobretudo quando legitimadas por artistas, influenciadores digitais e principalmente por autoridades políticas.
 
Nesse contexto, ganham destaque conceito de pós-verdade e a incessante luta de jornalistas para esclarecê-la.  Segundo a Oxford Dictionaries, a pós-verdade é quando uma história é criada com o intuito de fazer as pessoas acreditarem de fato nas palavras escritas porque estão fortemente associadas à emoção e às crenças específicas aquele público alvo. 
 
Muito antes da eleição presidencial brasileira, os Estados Unidos tiveram seu pleito configurado pela difusão de notícias falsas para prejudicar a imagem da candidata Hillary Clinton em detrimento a Donald Trump, que acabou sendo eleito. O auge do Brasil foi em 2018, quando em plena campanha eleitoral os jornalistas precisaram criar departamentos para investigar se uma publicação compartilhada por milhares de pessoas em aplicativos e plataformas digitais era verdadeira ou não. 
 
No entanto, não é só na política que a fake news ganha corpo. A área da saúde é constantemente marcada pela difusão de receitas milagrosas para doenças. Desde dezembro de 2019, quando os primeiros casos do novo coronavírus na China foram divulgados, houve uma enxurrada de notícias duvidosas. E a partir da disseminação no mundo e a confirmação de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a situação foi evoluindo e a imprensa passou a ser vista por algumas pessoas como exagerada e para outros cidadãos como um trabalho essencialmente necessário. 
 
O chefe de redação do portal de notícias LeiaJá, Pedro Oliveira, enfatiza que o papel dos jornalistas em momentos de crise como este é fundamental e que devem reportar a verdade como compromisso, mesmo que seja alvo de críticas.  “O jornalismo verdadeiro, que se atém a fatos, checa informações e ouve diversas opiniões, é sempre muito importante. A função social dos veículos de comunicação em uma crise como essa é trazer informações precisas, seja passando o que há de mais novo em relação às orientações médicas, seja desmentindo boatos que podem piorar a crise sanitária. Uma matéria com informação falsa pode causar muitos danos em uma situação normal. Nessa assustadora pandemia, isso é elevado ao nível de causar até mortes", frisa o chefe de redação.
 
A repórter de uma emissora de TV no Recife, Simone Santos, foi agredida verbalmente nas ruas enquanto trabalhava por pessoas que diziam que a imprensa estava propagando o terror ao mostrar fatos evidenciais da doença, embaçados em opiniões técnicas e órgãos oficiais de saúde. “Nós, jornalistas, já temos que viver de informação e com a pandemia isso foi intensificado. Nosso trabalho como jornalista é importante porque as fake news já estavam a todo vapor mesmo antes da primeira morte. Através do nosso trabalho é que a gente está conseguindo esclarecer”, conta Simone Santos. 
 
A jornalista ainda ressaltou que as falas, muitas vezes feitas pelo presidente Jair Bolsonaro sobre o isolamento social e as possíveis curas para os sintomas da Covid-19, motivam a construção de pautas que buscam esclarecer a sociedade sobre a pandemia.
 
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco (Sinjope), Severino Júnior, o combate à pandemia também está na informação e no conhecimento. “A pandemia que assola povos no mundo inteiro revela, mais do que nunca, o papel social do jornalismo. O jornalismo tem, a meu ver, uma importância quase que médica, pois tem a incumbência de repassar todas as informações necessárias para que a coletividade se proteja e ponha em ação tudo aquilo que se precisa para diminuir e debelar o poder letal de uma praga. Só com o jornalismo verdadeiro e, sobretudo, profissional, famílias em todo o planeta conseguem se proteger”, explica o presidente do Sinjope.
 
Com mais de 18 anos de carreira, Severino, que atua como repórter e já passou por emissoras de rádio e tv em Pernambuco, tem uma visão bem clara que também há erros nos jornalistas. Para ele, há exageros em alguns casos e situações maldosas, no entanto, isso não implica em condenação à atividade jornalística.
 
Se não fosse o trabalho incessante dos jornalistas, não só no caso do coronavírus, muito mais pessoas estariam sendo afetadas por pós-verdades absolutas. Muito longe de ser glamorosa, a profissão é citada por quem a escolheu como uma missão. “Esta escolha é ‘sacerdotal’, pois será imensamente difícil alcançar um grande sucesso financeiro. No entanto, posso garantir também que é uma escolha muito nobre. No início de minha adolescência, tinha o hábito de conversar com um vizinho, avô de uma colega. Ele era um homem muito culto e sempre me repetia: ‘o livro põe o pobre junto do rico e o rico não percebe que o pobre é pobre’. O jornalismo liberta. O jornalismo vai lhe dar altivez e poder de se reconhecer importante. O jornalismo é, antes de qualquer coisa, comunicação social”, diz o presidente do Sinjope
 
De acordo com o chefe de redação do LeiaJá, para ser um bom jornalista é preciso questionar, duvidar e ser curioso. “Entender que não há só uma visão das coisas e saber ouvir. É preciso respeitar a importância da profissão. Somos formadores de opinião e fonte de informação. Precisamos ser responsáveis com o que publicamos", conclui Pedro Oliveira.
 
Dia do Jornalista
 
O 7 de abril é o dia dedicado aos jornalistas. A data foi instituída em 1931 pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), para homenagear o jornalista e médico Líbero Badaró, morto por desafetos políticos por defender a liberdade de imprensa e denunciar desmandos dos governantes da época. Seu assassinato foi uma das causas que levaram à renúncia de Dom Pedro, em 1981.  
 
Pensa em fazer jornalismo? Se inscreva na UNINABUCO!

Comentários