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Carnaval é tempo de Boi

Em Pernambuco, uma das manifestações mais brasileiras da cultura popular vive seu ápice durante o período carnavalesco
Por: Paula Brasileiro 14/02/2017 - 08:40 - Atualizado em: 14/02/2017 - 09:37
O primeiro registro da brincadeira de boi, no Brasil, foi na Ponte Maurício de Nassau,no Recife
O primeiro registro da brincadeira de Boi, no brasil, foi na Ponte Maurício de Nassau,no Recife

O ano era 1644. O Recife, à época chamado de Cidade Maurícia, estava prestes a ganhar sua primeira ponte, construída a mando do Conde Maurício de Nassau. Terminada a grandiosa obra, Nassau prometeu fazer um boi voar por sobre ela no dia de sua inauguração. O nobre colocou um boi de couro montado sobre roldanas que deslizavam sobre um cabo previamente instalado no alto da ponte e cumpriu a promessa. Esse é o primeiro registro de uma brincadeira de boi no país. O bicho acabou virando estrela de uma das manifestações brasileiras mais ricas, culturalmente falando, e encontrada de uma ponta a outra do território nacional.

O Bumba meu Boi é a modalidade mais conhecida - um auto de natal que representa a morte e ressurreição do boi, congregando diversos bens culturais, com performances dramáticas, musicais e coreográficas. Sua predominância é no ciclo natalino, mas em algumas partes do país - como Piauí, Pará, Maranhão e Amazonas - a brincadeira também ganha as ruas no São João. Em cada Estado, o folguedo assume forma e cores peculiares de sua região.

Em Pernambuco, é no carnaval que a manifestação vive seu momento máximo. Os bois de carnaval, também chamados de boizinhos - derivados do Bumba meu Boi - levam às ruas da capital e dos interiores muito colorido, música e dança com seus numerosos personagens - alguns deles seres imaginários e outros animais - que cantam, dançam e apresentam a história de um boi que morre e ressuscita, tudo com muito humor e irreverência. Ao todo, cerca de 300 grupos mantém viva essa cultura no Estado. A brincadeira enriquece a festa mais popular do ano colocando de crianças até os mais velhos para festejar e reverenciar o boi.

Diamante do Sertão

No Sertão pernambucano, na cidade de Arcoverde, quem brilha é o Boi Diamante. Fundada em 2008, a agremiação realiza apresentações durante todo o ano e trabalha intensamente, reunindo crianças, jovens e adultos da comunidade do Tamboril, para valorizar e manter viva a tradição. Wilton Freire, presidente e brincante do Diamante, conta como é o funcionamento do grupo: "Nos preparamos desde janeiro, entre confecção e ensaios." No Carnaval, o boizinho desfila e participa dos concursos de sua cidade natal e, também, do Recife.

                                                             

Mas, quem vê a beleza e alegria do boizinho na rua nem imagina as dificuldades pelas quais seus integrantes passam. Os recursos são poucos e é preciso muito esforço e dedicação para colocar o brinquedo na rua: "A gente participa dos concursos para garantir um prêmio que serve para pagar os componentes pela apresentação e também fica um pouco para a manutenção do espaço e confecção de materiais para mantermos as atividades", explica Wilton. Apesar dos 'perrengues', o carinho pelo Diamante faz valer a pena o esforço de fazer o carnaval: "Para mim, o boi representa amor, alegria, prazer - é aquilo que me dá felicidade, me faz sentir artista e é a forma que consigo chegar nas pessoas levando alegria e, ao mesmo tempo, conhecimento da tradição deste folguedo tão rico e nosso", diz o presidente.

O Boi Diamante se apresenta no Recife, na terça (27) de Carnaval, em dois polos: no parque Dona Lindu, às 15h e no Pátio de Santa Cruz, às 16h30.


Quarta é dia de boi

Quando chega a quarta-feira de cinzas, em Olinda, o dia fica menos 'ingrato' por conta do tradicional Encontro de Boizinhos. A festa reúne cerca de 25 agremiações de vários lugares do Estado, nas ladeiras da cidade histórica, cada um saindo de um ponto diferente, e encontrando-se na Rua da Boa Hora. Lá, Jodecilda da Silva, a famosa Dona Dá, recebe os grupos com frutas e cachaça, e todos brincam juntos. O encontro já acontece há 17 anos e se consolidou no calendário carnavalesco olindense por ser uma grande festa de cultura popular na qual brincam foliões de todas as idades.  

                                                               

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