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Brincantes de quadrilhas juninas são ‘movidos pelo amor’

O prazer de brincar o São João parece ainda maior para aqueles que se dedicam às quadrilhas. Entenda um pouco do sentimento através da história da ‘noiva’ Kelly
Por: Paula Brasileiro 22/06/2017 - 15:08
Kelly Ferreira, a noiva da quadrilha Chiclete, brinca com toda sua família
Kelly Ferreira, a noiva da quadrilha Chiclete, brinca com toda sua família

João Felipe ainda nem nasceu mas já está aprendendo tudo sobre tradição junina dentro da barriga de sua mãe, a professora de dança e artesã Kelly Ferreira Cavalcanti, de 37 anos. Ela é a noiva da Quadrilha Junina Chiclete com Banana, do bairro da Vila Rica/Cohab (Jaboatão dos Guararapes-PE) e, este ano, representa o seu grupo no São João exibindo sua barriga de cinco meses de gravidez.

 

Quando descobriu a gestação, Kelly estava no meio do processo de criação do espetáculo de 2017. A organização do grupo cogitou afastá-la para preservar sua saúde mas ela insistiu em ser a noiva da Chiclete mais uma vez. Afinal, dançar no arraial grávida era um sonho antigo. Ela integra o grupo desde os 14 anos de idade e foi logo em sua estreia que ela viu uma outra noiva, gestante, representando a quadrilha Deveras. "Lembro como hoje, naquele momento eu decidi que queria fazer o mesmo".

 

De lá para cá já se passaram mais de duas décadas em que a brincante se dedica ao São João. Como noiva, ela está desde 2016. Este é um dos personagens mais importantes dentro do espetáculo: "A atenção é voltada para o casal de noivos sempre. É uma responsabilidade enorme. Sinto a necessidade não só de dançar bem, mas de atuar, estudar texto, fazer laboratório para a construção da personalidade do personagem exigida pelo projetista".

 

Seu envolvimento com a Junina Chiclete com Banana tomou tal proporção que hoje, Kelly faz disso, além de uma paixão, um caminho profissional: "Sou professora de dança, cresci sendo bailarina e hoje sou coreógrafa, monto espetáculos infantis, costuro, bordo e sustento minha família com este trabalho, com tudo que aprendi com a Chiclete. Ela (a quadrilha) tem um significado tão grande que só em falar sinto vontade de chorar". Além disso, ela também ocupa o cargo de vice-presidente do grupo que se dedica a atividades sociais na comunidade onde está sediado: "Não é só pelo prazer de dançar, empregamos pessoas que precisam, sempre estamos nos movendo para conseguir alguma atividade que tenha retorno financeiro para o nosso elenco. Sem falar que conseguimos conscientizá-los sobre vários aspectos como drogas, bebidas, etc. Vê-los enfrentar todos os problemas e se sacrificar para ter um momento que os deixam felizes não tem preço."

 

Amor em família

 

Além do bebê que traz na barriga, Kelly divide com parte de sua família a paixão pelo São João e pela Chiclete com Banana. Sua primeira filha, Maria Gabriela, a Bibi, de oito anos, dança no grupo ao lado de Jefferson Lima, marido da bailarina, que encarna o noivo no espetáculo. Além deles, a irmã, Keyla Cavalcanti, e o sobrinho, Alan, também integram a brincadeira. E se depender da vontade de Kelly, o filho que está esperando (um menino, segundo sua "intuição de mãe") dará continuidade à tradição familiar "se for movido pelo mesmo amor" que ela.


Acima, Bibi (esquerda). Abaixo, Kelly ao lado do marido, da filha, da irmã e do sobrinho.
(Arquivo pessoal)

 

E você, gosta de quadrilhas? Conta pra gente como você brinca o São João.
 

 

 

 

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