Escrito por Maya Santos
Você sabia que hoje, 13 de maio, é considerado o Dia da Abolição da Escravatura? Mas, talvez o que você não saiba é que essa data não é comemorado pelo movimento negro brasileiro. Quer entender o assunto? Então, continue a leitura.
Quando falamos de abolição no Brasil, estamos resgatando uma movimentação de resistência que iniciou quando a primeira pessoa negra foi traficada do continente africano para ser escravizada. Por isso, acaba sendo um equívoco falar que a escravidão foi abolida quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, em 1888.
Assim como canta o Afoxé Ayá Alaxé: “13 de maio não é dia de negro”, mas sim um dia de afirmação da luta contra a discriminação racial. “Naquele momento (após a abolição), faltou criar as condições para que a população negra pudesse ter um tipo de inserção mais digna na sociedade”, disse Luiza Bairros, ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
Ou seja, sem direitos básicos como acesso à educação, trabalhos remunerados, moradia ou atendimento médico, as pessoas ex-escravizadas tiveram que se submeter a condições que precarizaram ainda mais sua vida.
Então, não houve abolição? Calma, que nós explicamos!
De acordo com o movimento negro brasileiro, ainda não há inclusão integral e convivemos com resquícios de uma “falsa abolição”, que perdura até os dias atuais por meio do processo estrutural do racismo, mesmo os negros sendo mais de 50% da população no paíse.
E nessa história toda vale ressaltar que a presença feminina que sempre foi um dos motores que impulsionaram a importância da dignidade ao povo negro brasileiro no passado e no presente.
Por isso, preparamos uma lista com cinco personalidades femininas negras importantes para os processos de dignidade da população e fortalecimento da cultura negra no Brasil.
Veja a seguir:
1. TIA CIATA
Foto: Acervo Tia Ciata
Hilária Batista de Almeida ou apenas Tia Ciata, foi uma personalidade negra muito importante para a difusão e afirmação da cultura afro-brasileira no início do século XX. Nascida na Bahia, em 1854, Tia Ciata era mãe de santo muito respeitada e uma das principais agitadora cultural na Praça Onze, zona portuária do Rio de Janeiro, região conhecida como Pequena África, pois reunia os ex-escravos e os negros vindos da Bahia. Através da sua atuação, o samba de roda chegou no Rio de Janeiro, e sua casa era um ponto de resistência e cultura que recebeu artistas negros como Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres e João da Baiana.
2. AQUALTUNE
Foto: Wikipédia
Princesa guerreira do Congo, Aqualtune também era a avó de Zumbi dos Palmares e foi mãe de Ganga Zumba. Capturada após perder um confronto entre o Reino de Portugal e o Reino do Congo, no continente África, em 1665, e trazida para Recife, onde teria liderado sua primeira tentativa de fuga. Por causa dessa revolta, Aqualtune foi vendida para um senhor de engenho do estado de Alagoas para servir de escrava reprodutora. Mas, ela se rebelou e organizou uma nova fuga, libertando cerca de 200 pessoas e ergueu o Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, também em Alagoas. Enquanto viveu, lutou pela liberdade de seu povo e sua força é símbolo de resistência e sabedoria.
3. CONCEIÇÃO EVARISTO
Foto: Wikipédia
Nascida em Belo Horizonte, em 1946, a escritora e professora Conceição Evaristo é um dos maiores nomes da literatura brasileira contemporânea e é uma das grandes ativistas do movimento negro. As suas publicações vão desde poemas, ensaios e até mesmo ficção. Formada em Letras, Conceição fez Mestrado e Doutorado e deu aulas em escolas e na Universidade. Em 2018 ganhou o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais.
4. ANTONIETA DE BARROS
Foto: Wikipédia
Foi uma jornalista, professora e política brasileira. Foi uma das primeiras mulheres eleitas no Brasil e a primeira negra brasileira a assumir um mandato popular como deputada estadual por Santa Catarina, em 1934. Pioneira e inspiração para o movimento negro, apesar de um grande apagamento de sua história, que vem sendo retomada aos poucos sobretudo na educação.
5. MARIELLE FRANCO
Foto: Instagram/Marielle Franco
Marielle Francisco da Silva, popularmente conhecida como Marielle Franco, foi uma socióloga e política brasileira importante para os processos de dignidade da população brasileira do século. Filiada ao Partido Socialismo e Liberdade, elegeu-se vereadora do Rio de Janeiro para a Legislatura 2017-2020, em 2016, com a quinta maior votação. Após seu assassinato, Marielle tornou-se semente, assim como o movimento feminino negro fala, para que outras pudessem seguir a com as transformações socio-política do século XXI.
Já deu para notar que "nossos passos vêm de longe" e vão além, né, mesmo? Então, compartilhe com a gente nos comentários quais são as mulheres que tocam processos abolicionistas no passado ou presente e são tua inspiração!!!
Comentários