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No dia do profissional de Sistema da Informação, venha debater machismo na tecnologia

84% das trabalhadoras de tecnologia já sofreram com agressividade por parte dos seus colegas homens. Será que você também contribui para a perpetuação do machismo?
Por: Camilla de Assis 14/03/2018 - 12:39
Mulheres na tecnologia
Mulheres na tecnologia
Imagine que Maria é uma jovem apaixonada por tecnologia e deseja iniciar um curso em Sistema de Informação. Ao ser empregada no mercado de trabalho, recebe um valor x de salário. Seu colega de faculdade, homem, também está no mesmo emprego que o dela, ocupando a mesma função, e recebe 34% a mais que Maria. Como explicar e aceitar essa discrepância salarial? Além de menor remunerada, Maria ainda tem que conviver em um ambiente onde a maior parte é de homens, local em que o machismo tem maior tendência de predominar.
 
É assim a realidade de 20% das 520 mil pessoas que trabalham com Tecnologia da Informação (TI). Esses 20% são mulheres. O número de 34% referente ao decréscimo de salário das mulheres em comparação aos homens de TI foi apurado pela Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD). Há, ainda, um fator mais preocupante, de acordo com o PNAD: quando se trata de cargos de gerência, a diferença de salários entre homens e mulheres fica maior e chega aos 65%.
 
Essa é a realidade de uma mulher que quer fazer um curso superior nas áreas de tecnologia. Hoje, no Dia do Profissional de Sistema de Informação a discussão sobre a necessidade da ampliação das vagas para mulheres e da equiparação salarial precisam ser colocadas em pauta, por meio das pesquisas que comprovam que o feminismo não é “mimimi”. O mercado de trabalho como um todo subjuga as mulheres e inferioriza suas habilidades profissionais, reduzindo seus salários em comparação aos homens. 
 
Muito além das áreas limítrofes brasileiras, o sexismo alcança também outros países. Segundo dados levantados pelo governo americano em 2014, as mulheres ocupam 20% a menos nas vagas do setor de tecnologia e ganham 10 mil dólares a menos, nas mesmas funções. 
 
Assédios
 
Além das pautas salariais, as mulheres que atuam com tecnologia também são vítimas de assédio. No recente levantamento chamado Elephant in the Valley, realizada com mulheres que trabalham no Vale do Silício, constatou que 60% de trabalhadoras de empresas com Google, Apple, entre outras, sofreu algum tipo de assédio sexual. Além disso, 39% das assediadas relataram que não denunciaram porque tinham medo que implicasse negativamente na carreira. Ademais, outros 30% não informaram o assédio porque queriam apenas esquecer o ocorrido.
 
Além de assédio sexual, mulheres também sofrem a violência moral. A pesquisa revela que 84% das entrevistadas disseram que foram tratadas com agressividade pelos seus colegas homens. Oitenta e oito por cento afirmou que clientes e amigos dirigiram perguntas/observações que deveriam ser destinadas às mulheres, aos homens. Já 90%, afirmaram testemunhar o comportamento sexista em suas empresas e em conferências. 
 
A profissional de Sistema de Informação Luciana Nunes, 30, já atuou em empresas de tecnologia e faz parte do montante de mulheres que já sofreram algum tipo de assédio no trabalho. “Eu estava ajudando um rapaz que estava em transição da área de suporte para desenvolvedor na empresa em que eu trabalhava, quando ele teve a tarefa de atualizar umas coisas no site. Eu expliquei como ele deveria fazer e, quando chegou o dia dessa atualização e o diretor viu que algo estava errado, reclamou com meu coordenador. Por sua vez, ele me chamou e disse: ‘Está vendo que você não sabe fazer? Você acha que se eu cair, eu caio sozinho? Não! Eu levo junto todo mundo, inclusive você’. No final, descobrimos que não foi erros do rapaz, mas um problema de atualização do computador do diretor”, relata. 
 
Mas não somente nessa situação que Luciana sofreu assédio e machismo. Desde seu início na tecnologia, sua capacidade profissional era posta em cheque. “Eu comecei como webdesigner e depois virei desenvolvedora. Aí as pessoas não me davam atividades de desenvolvimento, mas queriam me passar coisas de análise, como fazer listas, etc.”, conta.
 
Ações afirmativas são o caminho
 
Se por um lado, as mulheres sofrem com os diversos níveis de machismo na sociedade, por outro estão lutando e construindo uma nova visão de mundo. Hoje em dia, muitos são os coletivos de tecnologia direcionados especificamente para as “minas”. O InfoPreta, por exemplo, faz um recorte ainda maior, o racial. Além de mulheres,as meninas da tecnologia são negras. A empresa presta serviços de manutenção em computadores, suporte técnico, desenvolvimento de sites e aplicativos, etc.
 
As mulheres também se fazem presentes online, por meio do ciberativismo. Para incluir, debater e divulgar vagas direcionadas para ela, foi criado o Mulheres da Computação, um blog que traz diversas problemáticas e incentivos relacionados à inclusão das mulheres na tecnologia.

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