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Cinco reportagens que marcaram a história do jornalismo e do mundo

No Dia do Jornalista, confira cinco reportagens que marcaram a história da imprensa mundial e mudaram leis, destituíram políticos de cargos e fragilizaram a indústria do tabaco. Confira!
Por: Camilla de Assis 05/04/2018 - 15:35
Jornalismo
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Começar uma carreira jornalística requer bem mais do que apenas saber escrever bem e/ou ter um “rostinho bonito” para a televisão. É necessário boa apuração, texto excelente, feeling apurado de repórter e, sobretudo, ética profissional. É com base nesses quesitos que se consegue alcançar uma carreira significativa e um lugar de reconhecimento dentro da profissão. Textos que tenham relevância social tendem a ser reconhecidos e benquistos. 
 
Por isso, o jornalismo busca revolucionar a sociedade. Não raramente somos surpreendidos com reportagens excepcionais, que revelam esquemas de corrupção, denúncias, investigações sobre assassinatos, roubos, entre outros crimes, que descortinam uma verdade não apresentada. Tais reportagens marcam a história. Confira abaixo quatro casos que mudaram a sociedade.
 
1 - “Não sei por que mulher gosta tanto de farda”
 
Jornalista Fabiana Moraes
 
O título é autoexplicativo. Em Pernambuco, a repórter Fabiana Moraes denunciou o caso de práticas abusivas que estavam sendo realizadas pela Polícia Militar (PM) do Estado. A reportagem especial que tratou dos 80 anos do livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, denunciou abusos, inclusive sexuais, cometidos contra mulheres negras e periféricas do Estado. Em entrevista com o então secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, ele sugeriu que as mulheres têm fetiches sexuais por homens que exercem cargos de segurança pública, cujas funções necessitam de fardamento ou algum tipo de objeto de característica militar. 
 
O caso, obviamente, ganhou repercussão e, após reunião com o então governador do Estado, Eduardo Campos, Damázio pediu exoneração do cargo. Toda a repercussão fez o delegado se retratar, por meio de carta pública, onde ele culpou a jornalista por publicar coisas que teriam sido faladas informalmente. Segundo Damázio, muitas vezes a entrevista foi interrompida. No início da reportagem, a jornalista informa que o conteúdo publicado foi registrado em gravador, mediante autorização do secretário.
 
2 - Caso Watergate
 
Jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein
 
O que parecia um simples assalto aos escritórios do Partido Democrata, em 1972, no complexo de prédios Watergate, nos Estados Unidos, se transformou em um grande escândalo político. Uma pequena nota referente ao ocorrido foi publicada no jornal Washington Post e incomodou dois jornalistas que trabalhavam no mesmo veículo de comunicação: Bob Woodward e Carl Bernstein. Um informante anônimo deu uma dica que levou Bernstein a Miami, onde ele descobriu um cheque de US$ 25 mil, pertencente ao comitê de reeleição, no nome de um dos envolvidos no crime. Bob e Carl acabaram descobrindo que a invasão foi comandada pelo candidato à reeleição para presidência, Richard Nixon. 
 
Em depoimento ao Senado, o advogado da Casa Branca afirmou existir esquema de espionagem. Telefonemas que passavam pelo Salão Oval, que é o escritório oficial do presidente, provaram que a autoridade máxima do país havia encabeçado a ação. O presidenciável utilizou verba não declarada para espionar seus concorrentes. A descoberta só foi revelada à população após a reeleição de Nixon, que em seguida renunciou ao cargo. Seu vice, Gerald Ford, assumiu o controle dos EUA e, após um mês, concedeu perdão absoluto a Nixon por qualquer erro cometido enquanto presidente.
 
3 - A verdade sobre a indústria do tabaco
 
Jornalista Lowell Bergman
 
Em 1995, a verdade sobre a indústria do tabaco veio à tona para o mundo: o jornalista Lowell Bergman, famoso produtor do programa 60 Minutes convenceu o bioquímico Jeffrey Wigand a revelar em seu programa que algumas substâncias eram postas nos cigarros para que as pessoas aumentassem a dependência do fumo. 
 
Tais aditivos inclusive causam câncer. Wigand chegou a ocupar o cargo de vice presidente da Brown & Williamson, mas foi demitido do emprego, em 1993, porque “não concordava com a falta de interesse da empresa na pesquisa por um cigarro mais seguro”. Depois desta notícia ir ao ar, os fabricantes de cigarros tiveram que pagar, a todos os Estados americanos, 246 milhões de dólares, a maior indenização da história do país, para compensar os gastos com saúde pública. O caso ganhou tanta repercussão que virou o filme O Informante (1999), dirigido por Michael Mann.
 
4 - Cova 312
 
Jornalista Daniela Arbex
 
A repórter Daniela Arbex trouxe, em seu livro-reportagem Cova 312 (2015), a investigação sobre a história da morte do militante Milton Soares de Castro, integrante da Guerrilha de Caparaó. A jornalista desconstruiu a versão oficial de suicídio do inquérito e conseguiu comprovar que o guerrilheiro foi assassinado durante sessões de tortura, realizadas na época da ditadura militar. Daniela teve acesso às fotos do corpo e perícias da cela onde o crime foi praticado, e ao buscar os peritos que realizaram a necropsia, um dos que assinaram o laudo, Luzmar Valentim Gouveia, descartou o suicídio. A descoberta da jornalista fez as autoridades pedirem desculpas e reconhecerem a prática de tortura contra Milton Soares Castro.
 
5 - O apoio dos EUA ao golpe de 64
 
Jornalista Marcos Sá Correa
 
Vindo à tona por meio do jornalista Marcos Sá Correa, em 1976, no Jornal do Brasil, com a divulgação dos documentos que comprovaram o apoio dos Estados Unidos no golpe militar de 1964, a investida quase culminou com a invasão das tropas americanas no país. Tudo começou em 1962, quando o presidente John Kennedy, seu assessor Richard Goodwin e o embaixador do Brasil, Lincoln Gordon, deixaram claro, durante conversa, a intenção dos EUA de intervirem na eleição de outubro do mesmo ano. 
Após a morte de JK, em 1963, a relação entre os governos brasileiro e estadunidense ficaram mais tensas. Em 1964, dois dias antes do golpe, o coronel recém adicionado à embaixada norte americana no Brasil, Vernon Walters, informou ao secretário de Estado Dean Rusk, que estava em Washington, sobre um movimento militar a ser realizado em breve com o objetivo de depor João Goulart. Em seguida, uma frota marinha foi enviada à costa Sul do Espírito Santo para assegurar a vitória dos golpistas. 
 
Após a instituição do golpe, o subsecretário de Estado, George Ball, reconhecia o governo militar, antes mesmo de avisar ao presidente Lyndon Johnson do sucesso da ação. Ao saber da notícia, Johnson comemorou a queda de Goulart e a “ameaça” comunista no maior país da América Latina. 
 
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